Na semana passada o director da minha empresa chamou-me ao escritório. Para quem quase nunca fala comigo, só poderia ser duas coisas: ou vou ser despedida ou vou receber um aumento pelo meu excelente trabalho. Nem uma coisa nem outra. Era uma emergência, um cliente precisou com urgência que alguém da minha empresa que fosse lá, mais propriamente a Leicester. E para não variar chamaram-me a mim e a um colega meu. Isso foi-me dito às 11h do mesmo dia que tinha de fazer a viagem para lá. Por isso a minha empresa alugou um carro mas o problema é que eu não tinha tempo de ir a casa para fazer a mala e voltar se fosse de autocarro em tão pouco tempo por isso tive de conduzir até minha casa e voltar à empresa. Claro que fiquei nervosa por ter de conduzir e com toda a situação. O carro chegou e lá comecei eu a treinar com a mudanças para ver se isto de mudar as mudanças com a esquerda funcionava. Não é assim tão mau quanto pensava. Saio da empresa, chego a um cruzamento e tenho de virar para a esquerda. Primeira coisa que fiz foi ir em contra-mão, só me apercebi quando vi um carro vir na minha direcção mas ainda com uma grande distância, o que deu para voltar ao meu lado esquerdo, que era onde devia nunca de lá ter saído. A cara do homem do carro à minha frente era de choque. E eu pensei, se isto começa assim vai ser bonito. E tinha razão. Passado uns metros ouvi um barulho de qualquer coisa a bater, quando olhei tinha acabado de bater com o espelho do lado esquerdo do carro noutro carro que estava estacionado. Nem queria acreditar, a sorte foi que não se notou nada no espelho e espero que no outro carro também não. Devem estar a pensar que sou um desastre a conduzir e que não é só por ser em Inglaterra, bem meus caros não é verdade. Nunca tive problemas em Portugal em 7 anos de carta. Nunca bati, sempre estacionei bem e pode-se dizer que conduzo bem e gosto de conduzir. Acho que o meu problema aqui é que sentia que tudo estava errado, olhava para o lado direito para ver o espelho, quando queria meter as mudanças ia com a mão direita, estava a contar ter espaço no meu lado direito e não ter nada no esquerdo, por isso talvez tenha batido. É uma sensação que tudo está mal. Passado algum tempo comecei a sentir-me melhor e a não ter problemas, acho que é uma questão hábito.
Como não houve tempo para devolver o carro, lá tive que o trazer para casa de novo e ficar com ele no fim de semana. O chato é que nevou no fim de semana e na segunda tive de conduzir com neve. Nunca tinha tido tal experiência e digo que não é fácil. Estava tudo cheio de gelo e nem dava para travar, se não o carro começava a derrapar. O meu colega até chegou a bater com o carro mas comigo correu tudo bem.
Notei que os ingleses são mais calmos a conduzir que os portugueses. Quando uma pessoa faz pisca para passar eles deixam e não é como o tuga que vai mais rápido para não deixar o outro passar. São mais controlados na condução e não usam muita a buzina. Pode ser que daqui a uns tempos compre um carro.